quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Não me canso de falar...

Não me canso de falar para as pessoas que suas vidas só terão relevância e o “peso” necessário no Reino, quando viverem na prática os preceitos da Palavra de Deus, como aqueles que foram transformados por Ele e estão de forma inegociável caminhando em obediência (Jo 14.21). Como disse Henry T. Blackaby: “A maneira como você vive é um testemunho sobre o que você crê a respeito de Deus”.

Não me canso de falar aos desavisados que o projeto que estamos envolvidos não é para nossa própria glória, mas para a glória de Deus. O que nos remete a uma avaliação constante de nossas motivações, para não recebermos a reprovação de Deus, por conta de um comportamento carnal (Cl 3.17). Como disse A. W. Tozer: “A essência do ensino de Cristo é que a verdadeira grandeza está no caráter, não na capacidade ou posição”.

Não me canso de falar para os líderes da igreja, que suas vidas precisam ser um exemplo para seus liderados, se de fato pretendem exercer uma liderança que faça diferença (I Tm 4.12). Como disse Charles Swindoll: "Você lidera alguém se o influencia".

Não me canso de falar que cada crente deve ser um ministro na casa de Deus e um missionário fora dela, vivendo uma vida de autêntico testemunho cristão. Como disse Brennan Manning:"A maior carência de nosso tempo é de uma igreja que se torne o que ela raramente tem sido: o corpo de Cristo com a face voltada para o mundo, amando aos outros independentemente de religião ou cultura, derramando-se numa vida de serviço, oferecendo esperança a um mundo aterrorizado e apresentando-se como alternativa genuína ao presente estado de coisas". .

Não me canso de falar aos que são ovelhas de Cristo e membros da igreja de Deus que devem fugir de valores mesquinhos e carnais, típicos do mundo injusto e pecaminoso (Rm 12. 1-2), que estão em oposição ao viver da fé no Espírito (Gl 5.16). Como disse o pastor Israel Belo de Azevedo: “Só vale a pena o show no palco quando há show no nosso coração. Se permanecemos em Jesus, é show, mesmo que o palco esteja vazio”.

Não me canso de falar que velhas formas e estruturas de ser igreja já não trazem nenhum benefício ao corpo de Cristo, e que devemos sepultá-las, sob pena de não comunicarmos nossa fé de forma relevante e contemporânea neste século e no mundo pós-moderno (I Co 9.19-23). Como disse John Wesley: “Faça todo o bem que puder, com todos os recursos de que dispuser, de todas as formas que puder, em todos os lugares que puder, sempre que puder, a todas as pessoas que puder, enquanto você puder”.

Não me canso de falar que rebeldia, desordem, desrespeito, intolerância, agressividade, competição não glorificam a Deus nem edificam ninguém, sendo práticas imaturas, que, portanto, uma vez identificadas, precisam ser tratadas com seriedade por aqueles que desejam conduzir suas vidas em santidade (I Pe 2.1-5). Como disse J C. Ryle: “A nossa justificação é uma obra inteira e perfeitamente completada, não admitindo graus. A nossa santificação é algo imperfeito e incompleto”.

Não me canso de falar, porque sei que o caminho é viver como Deus deseja, ainda que a exortação seja – em alguns momentos - desconfortável. Ainda que seja um desafio para todos. Ainda que cada um tenha que realizar seu próprio inventário espiritual. Apesar disso, devemos lembrar que o nosso compromisso é com a verdade. Por isso, não me canso de falar.

Conhecendo Deus antes das catástrofes para compreendê-Lo depois das catástrofes

Catástrofe é um termo utilizado para definir uma desgraça pública, um acontecimento terrível que geralmente surpreende causando a destruição de vidas e bens em qualquer parte do globo terrestre. Nos últimos anos, temos acompanhado várias catástrofes em variados níveis de gravidade ao redor do mundo: furacões, tsunamis (ondas gigantes), terremotos, contaminações, transbordamento de rios etc.

Quando testemunham tais catástrofes, as pessoas geralmente se perguntam: Onde está o ser Onipotente que não livrou tantos do sofrimento? Por que não interveio neste acontecimento letal que de forma atroz interrompeu a vida de milhares de pessoas? Como confiar em um Deus que não nos socorre quando precisamos? São estas as indagações que surgem diante das calamidades.

Interessante notar que a sociedade pós-moderna cada vez mais distanciada do Todo-Poderoso, que tenta neutralizar seus princípios em todas as instâncias possíveis, que não O procura quando deveria fazê-lo, que descarta a realidade de Sua existência, que banaliza a necessidade de um relacionamento com Ele, é a mesma sociedade que exige respostas diante das fatalidades. Cobra respostas do Ser em quem não crê. Denuncia Aquele que não consegue aceitar como pessoal e ridiculariza Sua não ação.

Percebemos que existe um “estranhamento” do mundo no que se refere ao Deus que é propagado como amoroso e que, aparentemente, não intervém nas calamidades. No entanto, este “estranhamento” se dá por falta de conhecimento e intimidade com o próprio Deus antes da catástrofe. Para compreendê-lO na catástrofe se faz necessário conhecê-lO antes dela. Não que isto signifique a obtenção de todas as respostas para os fatos da história contemporânea. Não! Isso porque temos limitações e somos incapazes de perceber os detalhes da atuação de Deus na história, e, por estarmos envolvidos em um processo histórico que nos faz ver somente alguns pontos. Assim, alguns porquês continuarão sem respostas se formos honestos, o que não diminui a ação e o poder do Altíssimo.

Vivemos uma modernidade classificada por Zygmunt Bauman, como modernidade líquida, termo usado como metáfora para caracterizar esta fase da modernidade. Obviamente nesta fase da modernidade constamos transformações em vários níveis. A saber: consumo exacerbado, valorização do prazer imediato com a realização instantânea, nova percepção de tempo e espaço, liberdade sem precedentes, novas formas de competição pela sobrevivência, moralidade indiferente às consequências das ações humanas e o desenvolvimento do que foi classificado por “desencantamento” (expressão de Max Weber – 1864-1920), aludindo ao fato de que no devido tempo a modernidade faria a sociedade deixar o mundo do encantado, referindo-se ao relacionamento ou à necessidade de um Deus, pensamento traduzido no neo-ateísmo propagado nos dias atuais ao redor do mundo como resultado do processo de secularização. Tratando deste tema R. Albert Mohler afirma que “os novos ateístas são, à sua própria maneira, evangelistas em suas intenções e ambiciosos em suas esperanças. Veem o ateísmo como a única cosmovisão lógica para o nosso tempo, e a fé em Deus como tremendamente perigosa – um produto do passado, que não podemos mais tolerar ou, muito menos, estimular”. Esta postura da pós-modernidade exclui a realidade de um Deus antes dos principais dramas da vida, o que desautoriza seu questionamento após estes mesmos dramas. É estranho mantê-lO isolado e depois fazê-lO responsável pelo sofrimento humano.

Somente através do conhecimento de Deus antes das tragédias que enfrentamos como hóspedes temporários neste mundo é que O compreenderemos após os dramas que possam nos envolver. Conhecê-lO antes das tragédias é reconhecer a própria limitação. Conhecê-lO antes das tragédias é entregar a vida em Suas mãos. Conhecê-lO antes das tragédias é vê-lO como Ser pessoal e capaz de se relacionar com o ser humano. Conhecê-lO antes das tragédias é possuir uma convicção de fé, a qual está firmada na revelação de Cristo e que não se dilui mesmo diante daquilo que não se pode compreender.

Mesmo que não entendamos tudo que nos sobrevém, que seja difícil contemplarmos o sofrimento alheio, que testemunhemos o flagelo, ainda assim, devemos conhecer a Deus. Este caminho envolve humildade, rendição, compromisso e persistência. Palavras desafiadoras para uma sociedade presunçosa, que valoriza o poder, que revela falta de comprometimento e continuidade.

As tragédias não devem colocar Deus em xeque, mas trazer uma compreensão de nossa limitação, de nossa fragilidade em todos os momentos, de nossa carência espiritual e de nossa incapacidade para resolver os dilemas mais íntimos. Conheçamos Deus antes das catástrofes para que não O estranhemos depois, caracterizando-O como um Deus irresponsável e cruel. Afinal, Ele permanece sendo Deus antes, durante e depois dos flagelos que se manifestam na humanidade. Como disse J. Packer: “A diferença primordial e fundamental entre o Criador e suas criaturas é que elas são mutáveis e sua natureza admite mudança, ao passo que Deus é imutável e nunca pode deixar de ser o que é”.

Alvoroçar o mundo é tarefa nossa

Quem lê, à primeira vista, Atos 17.6b acha que é um elogio. Mas não o é. Na verdade foi uma denúncia, uma reclamação de alguns religiosos sobre o apóstolo Paulo que estava provocando uma verdadeira revolução religiosa, por onde passava.

Se soubessem, apelidariam Paulo de um verdadeiro tsunami, porque arrastava, por onde passava, uma multidão de novos seguidores do Caminho, a saber, Jesus Cristo.

Nada passava incólume à presença do Apóstolo aos Gentios. Força, determinação, inteligência, senso de oportunidades, tudo isso orbitava no maior nome de toda a cristandade.

Um homem capaz de mudar o mundo que está ao seu redor, ser um instrumento de transformação da história deve nos conduzir a refletir o que podemos fazer para também sermos parte de uma geração disposta a impactar o mundo.

Sobrevoando a Palavra em atos
Paulo seguia em sua segunda viagem missionária. O apóstolo já havia passado por várias cidades, desde o seu envio, em Antioquia . Naquela ocasião, os mestres e líderes da igreja, depois de jejuar e orar, impuseram as mãos sobre Paulo e Barnabé e os consagraram para viagens missionárias . Algo importante a destacar é que nenhuma ação missionária pode prescindir da piedade espiritual e do apoio incondicional da igreja de Cristo.

Para esta viagem Paulo recomeça da cidade de Antioquia "onde haviam sido encomendados à graça de Deus para a obra que acabavam de cumprir".

A turma do Caminho, entretanto, não gozava de prestígio em todos os lugares, por conta dos líderes religiosos locais. A mensagem era libertadora demais, e por isso incomodava. Atos 17.6 é fruto desse incômodo que os seguidores de Jesus causaram. A expressão "têm alvoroçado" o mundo, é uma reclamação sonora dos que não queriam ver a expansão da mensagem de Jesus Cristo.

Contudo, a pregação da Palavra não poderia ser presa. Nada poderia impedir a expansão missionária que começou naqueles dias e atravessou as décadas até chegar aos nossos dias. Isso era missões no coração de Paulo e deve ser no coração da igreja.

O que precisamos fazer para sermos uma geração capaz de transformar a história?

1) Precisamos assumir uma responsabilidade que começa não em nós, mas em mim

O compromisso de Paulo não passava por uma relação coletiva com Deus. Ao contrário, assumia o seu papel como instrumento ou ferramenta nas mãos de Jesus Cristo: "Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía" , diz ainda "Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim".

Paulo tinha um compromisso sério com sua experiência com Deus e com Sua obra. Revolucionar o mundo é uma tarefa que começa comigo. Passa pela minha intimidade com Deus e pelo meu amor a Ele.

Não ganharemos o mundo para Jesus enquanto a responsabilidade de cada membro do Corpo de Cristo não for reconhecida. Enquanto jogar para o outro a tarefa que está em sua mão, dificilmente a igreja avançará nos terrenos que precisam ser conquistados.

2) Precisamos desenvolver uma capacidade de olhar o mundo como Deus olha

Paulo foi o grande responsável pela difusão do evangelho e propagação nos primeiros dias da igreja. Tornou-se o maior intérprete da mente de Cristo. Seu olhar contemplava o desejo de Jesus de alcançar as nações com as Boas-Novas do reino de Deus.

Escrevendo aos Filipenses, não apenas exortou a igreja a viver plenamente em Cristo, mas usou suas cadeias, de onde escrevia, como plataforma da pregação do evangelho, para salvação de pessoas. Paulo afirma que "muitos irmãos no Senhor, tomando ânimo com minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor" . Segundo ele "tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação. Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação".

A igreja precisa aceitar o grande desafio de olhar o mundo ao seu redor com o olhar paterno de Deus. Há um desafio em cada esquina da cidade. Há uma geografia espiritual que reclama a manifestação dos filhos de Deus. Não podemos entregar o mundo ao bel-prazer e fechar os olhos para as estruturas malignas que o consomem. Tenhamos um olhar capaz de ver essas estruturas como alvos missionários de uma igreja que avança contra as portas do inferno.

3) Precisamos enxergar as suas demandas, com coragem e compromisso

Os anos se passaram, e o mundo mudou e não vem de agora. Não se deu neste momento, mas faz parte de um processo inexorável que pode culminar com males terríveis para toda a humanidade. E isso deve preocupar a igreja de Cristo no Brasil e no mundo.

Para isso é necessário pensar que o mundo está cada vez mais degradado pelo pecado - Há um grito ensurdecedor da natureza, exigindo que o homem a respeite, e não a maltrate. Será que isso é apenas assunto dos órgãos governamentais? Será que isso é apenas problema dos que assinaram acordos mundiais? Se não enxergarmos o mundo como algo "que jaz no maligno" , corremos o risco de batermos palmas para o desenvolvimento que nos ajuda, ao tempo que choraremos o preço que nos cobra.

E, ainda, é preciso pensar que a natureza precisa ser preservada, porque uma ação de Deus não pode ser destruída pelo homem - "tanto o seu eterno poder, como a sua divindade se entendem, e claramente se veem pelas coisas que são criadas".

4) Precisamos de um olhar missionário, capaz de encontrar os necessitados por Jesus, onde eles estiverem

Uma igreja é do tamanho da sua visão sobre Deus. E uma visão correta sobre o amor de Deus pelas pessoas leva-nos a pensar sobre a importância da obra missionária na igreja. Fazer missões ou sustentar a corda missionária não é um mero modelo de igreja, é um princípio!
A obra missionária da igreja local tem que ser fruto de um avassalador sentimento de paixão pelas almas perdidas. Este é um desafio urgente a se produzir no coração da igreja de Cristo e precisa necessariamente ser amplificada por uma visão capaz de alcançar todas as fronteiras com a pregação do evangelho.

AMADURECENDO NA PALAVRA
1) Como transferimos a responsabilidade missionária que é "minha" para "nós" e fugimos de nosso compromisso com missões?
2) A igreja tem sido hoje instrumento de transformação da história? E como isso tem acontecido?
3) Se dividirmos em grupos, agora, quantas ideias sairiam do coração da igreja para preservação do meio ambiente?
4) Cite 3 grandes desafios missionários às igrejas batistas hoje no Brasil? Você consegue identificar alguns?
5) Como sua igreja pode ser instrumento para "alvoroçar" o mundo, a partir do bairro, da cidade e do estado onde ela se encontra?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um Mundo "de Mierda"

Posto abaixo o vídeo do excelente Jornalista urugaio Eduardo Galeano, vale a pena ouvi-lo pela sua humanidade e visão contemporânea.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A PL 122, OS EVANGÉLICOS E A SOCIEDADE

Como diz o Filipe Cardoso da Radio Globo, este assunto PL 122 "é uma chatice". Já encheu a paciência ter que ouvir, em todos os programas de Tv um bando de gays e um bando de religiosos, brigando, por uma questão que não tem a ver com gays e religiosos.
A PL 122 não é uma lei que apenas atinge igrejas e pastores, atinge toda a sociedade civil. Duvido que jornalistas que tanto defendem o direito gay, ficarão felizes em não poder dar nenhuma nota que soe difamatória. Duvido também que os humoristas, que já não ficaram felizes, quando foram impedidos de fazer piada com os candidatos a presidencia da república, não poderem mais fazer suas piadas de "boiolas", como gostam, ja que elas fazem mais de 50% de todas as suas piadas.
Esta não é uma discussão religiosa. Ontem, ou antes de ontem, um grupo de gays foi rasgar e queimar a Bíblia! Bobagem.
Cada um na sua. Cada um faz com o corpo o que bem entende. Nem eu, pastor, nem ninguém tem o direito de dizer o que o outro deve fazer consigo mesmo.
CONTUDO, CONTUDO, CONTUDO, por favor, me deem o direito de dizer que não gosto das gayzisses dos gays, não gosto das "frangas" que eles soltam, não gostaria que meu filho fosse criado por uma babá gay, como os gays tem TODO o direito de não querer que seus "filhos" sejam criados por pastores.
NÃO me tirem o direito de fazer piada sobre qualquer coisa na vida. Até porque, DUVIDO, que deixarão de falar de pastores.
Então, a PL 122, por tudo que ela, subliminarmente sugere, digo não a ela. O direito e ir e vir, e fazer com o seu corpo o que quiser é inviolável. Cada um assuma a responsabilidade de usar o corpo como bem entender.
Só não me obrigue a gostar disso tudo! Não gosto, e vou ensinar o meu filho a não gostar também.
Aliás, acho muito interessante os "pseudo-artistas" e "pseudo-intelectuais", que apoiam o movimento e a lei 122.
Queria ver esses mesmos camaradas, na sala de cirurgia, esperando o bebê nascer, e o médico diz: parabéns, é um belo menino! E vocês falarem, "ai que bom, mais uma bicha no mundo!". Duvi-de-ó-dó!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como é na prática a teoria

Um amigo foi uma loja de departamentos trocar uns objetos.
Como sabia que a casa era desorganizada, ele foi preparado para a demora, que foi mais longa ainda.
Quando chegou a sua vez, diante de um funcionário desinteressado e deseducado, não teve o problema resolvido, mas teve tempo de ler um adesivo com o slogan da empresa:
-- Apaixonados por soluções.
Todos somos bons de teorias. Alguns até acreditamos que elas espelham nossas vidas.
No entanto, é incrível que, muitas vezes, entre o autoadesivo que nos colamos e a realidade que pretende descrever haja um grande abismo. Sim, o coração humano (o meu coração, o seu coração) é mesmo enganoso.
A solução não é remover o adesivo. O caminho é ser corajosamente fiel a ele.

Inventário de nossas dificuldades

Quando as coisas estão difíceis (uma doença, uma separação, uma dívida, uma confusão, por exemplo), de que precisamos?

Precisamos de um pouco de silêncio, mas não muito, silêncio que nos permita nos distanciar do diagnóstico que fizeram ou nos fizemos, como se a dor fosse de outrem, para que possamos fazer um auto-retrato verdadeiro, mesmo que duro.

Precisamos de um pouco de ousadia para, como na linda oração, aceitar o que precisamos aceitar e rejeitar o que precisamos rejeitar, uma tarefa que exige lucidez num momento em que a nossa razão não é plena. Por isto, o necessário silêncio inicial.

Precisamos procurar um rosto no qual olhar, um rosto que se estenda em ombros, braços, ouvidos e lábios, ombros sobre os quais chorar, se for caso; braços, que nos possam conduzir, se for o caso; ouvidos diante dos quais possamos ficar nus, se for o caso; lábios que nos ofereçam uma orientação, se for o caso.

Precisamos abrir um livro, que nos faça ir além de nós mesmos, pelos convites à troca de experiências, mesmo que unilateralmente; um livro que nos ajude a escapar, mesmo que por um tempo estratégico, da contaminação que o nosso problema dissemina; um livro que nos conte histórias de superação, porque outros percorreram um dia o nosso labirinto; um livro que nos mostre a insuficiência do otimismo superficial ou do pessimismo profundo.

Precisamos olhar para o Deus em quem cremos, mirando em Jesus Cristo que, ao sofrer o que sofreu, emocional e fisicamente, completamente nos revelou quem Deus é e quanto Ele se importa conosco, mesmo quando não remove pela raiz a nossa dor.

E tudo isto demanda coragem.